Palavras
O poeta nas montanhas arma a tenda.
Estende os olhos sobre o abismo,
apruma as asas, espera.
O peito entoca o inquieto pássaro.
O vento breve traz as palavras.
Espalhadas na relva,
ele as recolhe, ajunta, separa:
Cada uma com seu sol interior,
sua recôndita lenda,
os matizes à espreita de
propícia luz onde se apurem.
O poeta desentoca o pássaro
e vai bicando as letras,
alinhando-as, brunindo-as,
tecendo ali um colar de sílabas,
aqui um diadema de signos,
uma tiara de imagens - um poema.
O pássaro sobrevoa as montanhas,
ultrapassando-as.
Tem nas vértebras a vertigem do verso,
e vai levando-o para outras paragens:
Praias, planícies, planaltos, vales.
Maria Thereza Noronha
1 comentário:
Linda poesia Antonio!
O poeta sempre espalha
sementes de letras ao vento
para germinar em todos os corações.
Pra ti vai pelo vento
sementes que te façam
se recuperar muito bem.
Um abraço carinhoso
da
BEBE
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