Espera
Espera
A pele anseia o toque, arrepia,
transbordando desejos.
Lábios e
língua antecipam o beijo esperado
olhos semicerrados
boca entreaberta (delírios!)
Sobre os lençóis em desalinho,
ela espera (seios que se oferecem,
coxas que se contraem)
espera.
O corpo dela exala as secreções
mais belas
ancas de acasalar (tortura!)
A mão passeia lânguida no lento
passar das horas, como a confortar
pele, púbis, pêlos,
os dedos procuram consolo, não quer
espera.
Ainda que a noite esteja deixando
seus olhos, espera; ainda que o fogo
da lareira se apague, espera.
Esta noite quer apenas o homem
que espera, entregar-se a ele,
amá-lo por toda a noite como a
ninguém, antes.
Olhá-lo do modo
lindo que inventou,
então espera.
(O desejo a consome, o contato
dos lençóis na pele nua, as mãos
tocando displicentemente os
mamilos à luz amarela e frágil
da lareira que ilumina o corpo
em torturante expectativa)
Guarda-se pare ele.
Espera.
Porque seu desejo só se realiza
no desejo dele,
na cumplicidade dos dois
fundindo-se, ardentes, executando
o mais belo e primitivo ballet.
Sôfregos, lindos, dançando lentos,
girando, bocas, línguas, mãos, suores,
girando o corpo dela em movimentos
sensuais de amores ele dentro dela,
delírios, para sempre dentro dela
a alma o corpo, o amor o olhar
lindo que ela inventou
paixão, ternura, naqueles olhos tudo
o corpo dele sobre o dela
o seu beijo
a língua
a pele
as mãos.
Imagens que ela inventa
antes de adormecer.
Nálu Nogueira
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