®Pôesia do Mundo
- Antònio Manuel
- Le Vésinet, Yvelines, France
- É impossível não se dizer ( no mínimo de letras ) e, ao mesmo tempo, em que não se pode tudo dizer ( no máximo de palavras ). Falar demais: È escancarar detalhes insignificantes da vida doméstica. A minha vida sustenta-se no diário de algumas palavras: Trabalho, Respeito, Ternura, Amizade, Saudades, Amor. PEQUENOS VALORES Viver é acreditar no nascer e no pôr-do-sol É ter esperança de que o amanhã será sempre o melhor É renascer a cada dia É aprender a crescer a cada momento É acreditar no amor É inventar a própria vida... No decorrer desta vida, o prazer, a alegria, a tristeza,a dor, o amor, desfilam em nossa alma e em nosso coração deixando diferentes marcas. São essas marcas combinadas que formam a riqueza da nossa caminhada. Um caminho onde o mais importante não é chegar e sim caminhar. Valorize todos os detalhes, todas as subidas e descidas, as pedras, as curvas, o silêncio, a brisa e as montanhas deste seu caminho, para que você possa dizer de cabeça erguida, no futuro: Cresci Chorei Sorri Caí Levantei Aprendi Amei Fui Amado Perdi Venci Vivi E, principalmente, sou uma pessoa feliz!
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
O Retrato
O Retrato
De amor por ordem
A Márcia bela
Em fina tela
Vou retratar.
Vós que ao redor
Lhe dais nas tranças
Coas atiras mansas
Rindo a brincar:
Sutis amores,
Deixai-as ora
Ide da amora
A cor buscar.
Pintar com ela
Quero o cabelo,
Que a vista ao vê-lo
Faz enlear.
Os longos fios
De quando em quando
Vereis flutuando
Prisões armar.
A lisa testa,
Feliz assento
Do pensamento,
Vê-se alvejar.
Para ela a cor,
Que a tem assim,
Do mogorim
Vinde-me dar.
Bem como estrelas.
Que o Céu adornam,
Idéias a ornam,
Menos de amar.
Não vos esqueçam
Purpúreas rosas
Para as formosas
Faces corar:
Faces aonde
Tenta o desejo
Tímido beijo
Ir assaltar.
Mas vós de assombro
Parais, amores ?
Ide os fulgores
Ao sol roubar:
Ide, que eu quero
Pintar-lhe os olhos
Que podem molhos
De setas dar.
Ah! té parece
Que já se movem,
Que deles chovem
Farpões ao ar!
A boca breve,
Que é toda mel,
Falta ao pincel,
Com que imitar.
Desmaia o cravo,
Morre o carmim,
Onde o rubim
Só tem lugar.
Trazei-me pois
Os do Oriente
Filhos do ardente
Raio solar.
E logo um riso
Dos lábios nasça
Com tanta graça,
Que obrigue a amar.
A voz mimosa,
Ou cante ou fale,
Aroma exale,
Perfume o ar.
Dos alvos dentes
De fino esmalte
A luz ressalte
Que faz cegar.
Para imitá-los,
Como careço,
Pérolas peço
De Manaar.
De fino jaspe
Branco pedaços
Roliços braços
Venham formar.
Braços tiranos,
Que prisões negam,
E se se negam,
É por zombar.
Porém que estranho
Suave enleio!
Quem é que o seio
Pode pintar?
Quem, sem convulsos
Sentir efeitos,
Os níveos peitos
Ousa encarar?
Numes dos céus,
Vós que os fizestes,
Vinde-me prestes
A mão guiar.
Já do marfim
Dois globos tomo;
Vou-lhes do pomo
A forma dar.
Limões, que tremem
Num ramo, imita,
Quando palpita
O níveo par.
Da vista encanto,
Prazer do tato,
Nobre recato
Sabe-os guardar.
Somente é dado
Ao pensamento
O atrevimento
De os contemplar.
Vou pois... mas céus?
Que mão cruel
Ora o pincel
Me vem tirar?
Tirano amor
Se era teu gosto
Este composto
Não acabar;
Não me incumbisses
Empresa assim;
Mas eu, teu fim
Sei penetrar:
Sei que não queres
Que acabe a obra,
Porque o que sobra
Pode matar:
Mata-me embora
Mas deixa ao menos
Os pés pequenos
Delinear:
Pés, a que leda
A flor mimosa
Se dobra ansiosa
Para os beijar.
Francisco Vilela Barbosa
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