Gozo e dor
Gozo e dor
Se estou contente,
querida,
Com esta imensa ternura
De que me enche o teu amor?
Não.
Ai não;
falta-me a vida;
Sucumbe-me a alma à ventura:
O excesso de gozo é dor.
Dói-me alma,
sim;
e a tristeza.
Vaga,
inerte e sem motivo,
No coração me poisou.
Absorto em tua beleza,
Não sei se morro ou se vivo,
Porque a vida me parou.
É que não há ser bastante
Para este gozar sem fim
Que me inunda o coração.
Tremo dele,
e delirante.
Sinto que se exaure em mim:
Ou a vida ou a razão.
Almeida Garrett
Gozo e dor
Se estou contente,
querida,
Com esta imensa ternura
De que me enche o teu amor?
Não.
Ai não;
falta-me a vida;
Sucumbe-me a alma à ventura:
O excesso de gozo é dor.
Dói-me alma,
sim;
e a tristeza.
Vaga,
inerte e sem motivo,
No coração me poisou.
Absorto em tua beleza,
Não sei se morro ou se vivo,
Porque a vida me parou.
É que não há ser bastante
Para este gozar sem fim
Que me inunda o coração.
Tremo dele,
e delirante.
Sinto que se exaure em mim:
Ou a vida ou a razão.
Almeida Garrett
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