A Negra
A Negra
Teus olhos,
ó robusta criatura,
Ó filha tropical!
Relembram os pavores de uma escura
Floresta virginal.
És negra sim,
mas que formosos dentes.
Que pérolas sem par
Eu vejo e admiro em rúbidos crescentes
Se te escuto falar!
Teu corpo é forte, elástico, nervoso.
Que doce a ondulação
Do teu andar,
que lembra o andar gracioso
Das onças do sertão!
As lânguidas sinhás,
gentis,
mimosas,
Desprezam tua cor.
Mas invejam-te as formas gloriosas
E o olhar provocador.
Mas andas triste,
inquieta e distraída;
Foges dos cafezais,
E no escuro das matas,
escondida,
Soltas magoados ais...
Nas esteiras, à noite,
o corpo estiras
E com ânsias sem fim,
Levas aos seios nus,
beijas e aspiras
Um cândido jasmim...
Amas a lua que embranquece os matos.
Ó negra juriti!
A flor da laranjeira,
e os níveos cactos
E tens horror de ti!...
Amas tudo o que lembre o branco,
o rosto
Que viste por teu mal,
Um dia que saías,
ao sol posto.
De um verde taquaral...
Gonçalves Crespo
A Negra
Teus olhos,
ó robusta criatura,
Ó filha tropical!
Relembram os pavores de uma escura
Floresta virginal.
És negra sim,
mas que formosos dentes.
Que pérolas sem par
Eu vejo e admiro em rúbidos crescentes
Se te escuto falar!
Teu corpo é forte, elástico, nervoso.
Que doce a ondulação
Do teu andar,
que lembra o andar gracioso
Das onças do sertão!
As lânguidas sinhás,
gentis,
mimosas,
Desprezam tua cor.
Mas invejam-te as formas gloriosas
E o olhar provocador.
Mas andas triste,
inquieta e distraída;
Foges dos cafezais,
E no escuro das matas,
escondida,
Soltas magoados ais...
Nas esteiras, à noite,
o corpo estiras
E com ânsias sem fim,
Levas aos seios nus,
beijas e aspiras
Um cândido jasmim...
Amas a lua que embranquece os matos.
Ó negra juriti!
A flor da laranjeira,
e os níveos cactos
E tens horror de ti!...
Amas tudo o que lembre o branco,
o rosto
Que viste por teu mal,
Um dia que saías,
ao sol posto.
De um verde taquaral...
Gonçalves Crespo
Sem comentários:
Enviar um comentário