Soneto do Reencontro
Soneto do Reencontro
A ausência que há em mim se transfigura
em mãos e em olhos súbitos no poço,
onde venho saciar,
mais com ternura,
a sede do cismar outrora moço.
No fundo espelho a virgem prematura
desnuda-se e reveste-se em colosso;
e ao eco milenar que me tortura,
responde cada voz que já não ouço.
Oculta face pousa em minha face.
Não sei de onde ela vem,
de que distância:
Se das raízes líquidas da pedra.
Ou se de mim,
se do silêncio medra,
como a canção com que ressuscitasse
os sepultados ídolos da infância.
Bernardo Almeida
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