A Bela Encantada
Mancebo imprudente, leviano mortal,
Ausenta-te, foge, se não, ai de ti!
Não fiques num sítio, qu'é sítio fatal,
Não pares aqui.
Se a visses...
Tão bela!... de branco vestida,
Coas negras madeixas no colo a ondear,
Tão só, qual princesa de um trono abatida,
Cismando ao luar...
Se a visses... tão branca, da lua ao palor
Uma harpa sonora então dedilhar,
E à margem do lago ternuras de amor
Essa harpa entornar...
Se então tu a visses, tão branca e tão bela!
Com a harpa inclinada no seio ao revés,
Vertendo harmonias, com a lua sobre ela,
E o lago a seus pés...
Se a visses...
Não vejas, incauto mortal;
Ah! foge!
Ind'é tempo; não pares aqui;
Não fiques num sítio que é sítio fatal;
Se não, ai de ti!...
Não vejas a bela, que em vê-la há perigo;
Estila dos lábios amávio traidor;
Não vejas!
Se a vires.
Eu sei o que digo!...
Tu morres de amor!
Joaquim Manuel de Macedo
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