Soneto
Soneto
Que suspensão,
que enleio,
que cuidado.
É este meu,
tirano Cupido?
Pois tirando-me enfim todo o sentido.
Me deixa o sentimento duplicado.
Absorta no rigor de um duro fado,
Tanto de meus sentidos me divido,
Que tenho só de vida o bem sentido.
E tenho já de morte o mal logrado.
Enlevo-me no dano que me ofende,
Suspendo-me na causa de meu pranto.
Mas meu mal (ai de mim!)
Não se suspende.
Ó cesse,
cesse,
amor,
tão raro encanto.
Que para que de ti não se defende.
Basta menos rigor,
não rigor tanto.
Violante do Céu
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