Sonetos
Eu vi Narcina um dia,
que folgava
Na fresca borda de uma fonte clara:
Os peitos,
em que Amor brinca e se ampara,
Com aljofradas gotas borrifava.
O colo de alabastro nu mostrava
A meu desejo ardente a incauta avara.
Com ponteagudas setas,
que ela ervara,
Bando de Cupidinhos revoava.
Parte da linda coxa regaçado
O cândido vestido descobria;
Mas o templo de amor ficou cerrado:
Assim eu vi Narcina.
Outra não cria
O poder da Natura,
já cansado;
E se a pode fazer,
que a faça um dia.
José Bonifácio
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