Cinzas
Cinzas
A última brasa ardeu na cinza adusta:
Tudo passou, tudo se fez em poeira...
E na minha alma, que o abandono assusta,
Morre a luz da esperança derradeira.
O amor mais casto, a aspiração mais justa
Têm a desilusão para fronteira...
Um momento de sonho às vezes custa
O sacrifício da existência inteira!
Chama efêmera, o amor!
Baldado surto,
A glória!
Ah!
Coração mesquinho e raso...
Ah!
Pensamento presumido e curto...
E o amor, que arrasta, e a glória, que fascina,
Tudo se perderá no mesmo ocaso
E se confundirá na mesma ruína.
Heitor Lima
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